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sábado, 8 de agosto de 2009

Tributo ao meu pai


FRANCISCO TELOEKEN/francisco.roque@viavale.com.br

Recentemente, em duas oportunidades, na TV Canção Nova, o padre Fábio de Melo referiu-se a seu pai. Numa, ele descreveu a forma caprichosa como seu pai, um homem simples, à noite, enquanto aguardava o jantar, cuidava de suas mãos, castigadas pelo duro trabalho de pedreiro, lixando-as cuidadosamente. Noutra, com a voz engasgada e com lágrimas, ele contou, numa homilia dirigida a milhares de pessoas, participantes de um encontro de católicos, além dos milhões de espectadores, em todo o Brasil, dos problemas com que sua família convivera, há algum tempo, em decorrência do vício da bebida de seu pai. Dizia ele que, quando jovem, muitas vezes retardava sua volta para casa, receoso da situação estressante que, certamente, lá encontraria. Até que um dia, enchendo-se de coragem, olhou no fundo dos olhos de seu pai e perguntou-lhe se ele o amava. Seu pai, nada respondeu; apenas chorou. E nunca mais bebeu.

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As imagens da televisão mostraram muitas pessoas, enxugando as lágrimas que, certamente, também emudeceram os olhos de muitos espectadores, emocionados com o relato singelo e comovido daquele padre pop star. Certamente, muitos, como eu, reviveram, nas palavras do religioso, a realidade de algum momento de suas vidas. O padre foi muito severo com os seus colegas, presentes na cerimônia, dizendo que eles – os padres – tinham obrigação, sob pena de estarem incorrendo em pecado, de falar e alertar, em todas as oportunidades, dos malefícios que o vício da bebida traz para as famílias e a sociedade.

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Há alguns anos, não se sabia que o vício da bebida era uma doença. Ouvia-se falar que as pessoas bebiam por “falta de vergonha na cara”. Alguns dependentes, por sua vez, diziam que não bebiam demais ou, então, quando achassem que estariam prejudicando a si próprios ou aos seus familiares, eles, simplesmente, parariam. Raramente isso acontece. Geralmente, algum fato extraordinário provoca a mudança. No caso do padre Fábio de Melo, foi a coragem do jovem que, encarando o pai, promoveu a mudança. Na maior parte das vezes, entretanto, são eventos mais contundentes, às vezes dolorosos, como acidentes ou doenças mais graves, que fazem com que a pessoa atingida deixe o vício, não poucas vezes de forma compulsória. Ou a morte.

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As confissões do padre Fábio de Melo despertaram-me a vontade de resgatar a memória de meu pai, Adriano Estanislau Teloeken, falecido há quase 25 anos. Ele era um homem simples, muito trabalhador e dedicado à família. Sócio da firma A. Frantz & Cia. Ltda., estabelecida com marcenaria, carpintaria, serraria e moinho, no bairro Arroio Grande, exercia, com naturalidade, a liderança da sociedade e era referência para a clientela e a comunidade, em geral. De poucos estudos, mantinha-se informado com a leitura da Gazeta do Sul e os noticiários do rádio. Sabia fazer contas como poucos. Cálculos de regras de três, percentuais e áreas, por exemplo, que muitos estudantes, até de nível universitário, têm dificuldades de realizar ou nem sabem, apelando para os aplicativos disponíveis em computador ou até no celular, ele fazia num pedaço de madeira com aquele lápis especial de marceneiro. Meu pai era, também, muito criativo, inventando máquinas e utensílios, às vezes, parecidas com geringonças, mas que solucionavam problemas ou facilitavam a vida das pessoas. De poucas vaidades, uma delas era cultivar o bigode, cuidadosamente aparado, nos sábados à tarde, e que lembrava, um pouco, a figura de Hitler. Felizmente, apenas na aparência, porque de coração e de alma, ele era incapaz de fazer mal a alguém.

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Como todo ser humano, tinha dificuldades e defeitos, também, mas que não lhe diminuíam a autoridade de pai. É que pais são criaturas esquisitas, mesmo, em todo o tempo. Às vezes, completamente despreparados para cuidar de filhos. Não de não saber prover educação, sustento, carinho, mas na formação de um ser humano, que vai atuar – e mudar, ou não – o mundo no qual vivemos. Diferentes do que somos hoje – pais super atenciosos ou que parecem que não estão nem aí –, os pais de antigamente queriam que os filhos observassem os mesmos valores que eles, fazendo, por exemplo, do fio de bigode o símbolo da honestidade. Eventualmente, até com o sacrifico da própria família, honravam seus compromissos, assumidos com terceiros. O que será que o pai José Sarney ensinou, em palavras e obras, a seus filhos?

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Além de generoso, meu pai era rigorosamente ético. Infelizmente, como costuma acontecer, algumas pessoas aproveitam-se disso e pensam que ser ético é ser otário. Ética é uma dessas palavras que parece que estão desaparecendo, principalmente no mundo dos negócios e da política. Algumas pessoas não se importam em prejudicar terceiros, muitas vezes parceiros de muitos anos. Fazem da falta de ética uma esperteza ou, de forma mais sofisticada, uma habilidade comercial, até em relação a familiares e amigos.

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Neste dia dos pais, são muitas as homenagens, os almoços festivos, os presentes. Como tantas datas especiais, essa também tem seu apelo comercial. Num comercial de televisão, ao ver a performance de vários “pais”, a mocinha pergunta se ”não tem um pai mais gordinho”. Parece que faltou um especial: o dela. Algumas reportagens de revistas, jornais e de televisão dão dicas especiais para presentear o pai, de acordo com o seu perfil. Ou, então, de como presentear bem sem ficar “no vermelho”. Ou, ainda, de orientações com relação a possíveis trocas de presentes, que, no caso de peças de vestuário, por exemplo, não são obrigatórias, legalmente, e dependem da boa vontade do estabelecimento. O mais importante é entendermos que um pai, antes de sentir-se no direito de ser amado pelos filhos, só por ser pai, ama seus filhos, incondicionalmente. Somente os esforços de todos – pais e filhos – e a perseverança de cada qual haverão de manter ou, eventualmente, reconstruir os relacionamentos.

Fonte: Gazeta do Sul

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