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domingo, 22 de novembro de 2009

Padre Fábio de Melo: Um altar no ponto de ônibus



Rio - Eu olho para o mundo. A vida me afeta o tempo todo. É um exercício que faço. Resolvi ficar atento para não incorrer no erro de perder esta sensibilidade. Tenho medo de fechar o canal por onde o cotidiano me acessa, adentra os meus espaços, repousa em mim.

Vez em quando eu me percebo acostumado aos absurdos do mundo, ou então incapaz de me alegrar com as alegrias que as esquinas resguardam. O motivo é simples. Sou contemporâneo. Estou exposto às demandas urgentes que meu contexto histórico me apresenta. Estou mergulhado nas estruturas deste mundo líquido, neste movimento de dias cuja metáfora é o fluir das águas que entre os dedos escapa.

As interpelações são muitas. Meu corpo único precisa administrar deslocamentos muitos. Discrepância que reconheço como revelação de uma realidade que me define como pessoa. Meu corpo é moderno, mas minha alma é antiga. Meu corpo é afeito às pressas, agendas, compromissos, ao passo que minha alma grita e reclama desejosa de calmaria.

Tenho encontrado muita gente sofrendo do mesmo mal. A origem de muitas angústias está diretamente ligada ao contexto de pressas e urgências que nos cercam. As cenas estão por todos os lados. Há sempre alguém estabelecendo o embate com o tempo. Gente que precisa articular as pressas do mundo com os desejos da alma.

Olho para a mulher simples que aguarda pelo ônibus que a conduzirá ao destino de sua casa. Os olhos parecem cansados com a espera. Deve ter passado o dia todo longe de seus significados, cuidando de filhos que não são seus, organizando a casa que não é a sua.

Eu a observo de longe, enquanto espero do meu carro o desenrolar do trânsito.

Vez em quando os seus olhos se perdem no pequeno relógio que está atado ao pulso. Olha como se quisesse paralisar o movimento dos ponteiros que a envelhece. Olha como se desejasse fazer andar lento o tempo que lhe sobra para estar com os seus.

As sacolas plásticas segredam a pobreza do que ali se leva, mas não é intencional. A mulher não parece temer a revelação de sua simplicidade. Não há tempo para simulações. Tudo está à vista, pronto para ser desvendado, tal qual o enegrecimento do céu anunciando a chuva que virá.

A mulher e o tempo. Nela nós também nos reconhecemos. Nós e nossas esperas. Inadequações que nascem da vida que nos afeta, do tempo que nos esbarra.

A experiência nos ensina que nem sempre é possível viver conforme o nosso desejo. Não temos como romper a prevalência das agendas tão prontas e acabadas. Mas nestes intervalos de obrigações e compromissos é interessante que a alma permaneça desarmada. O cotidiano é prenhe de simbologias que nos propõem valores superiores, transcendentes. Pelas ruas das cidades há sempre um altar erigido, vida humana sendo santificada mediante o rito que o amor sugere. A mesa está posta. Sejam todos bem vindos ao banquete que no ponto de ônibus eu encontrei.

Fonte: O Dia

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