Antes destinados apenas para ensaios e feijoadas, espaços têm agora roteiro 'alternativo'
POR RAPHAEL AZEVEDO
Rio - Show do Padre Fábio de Melo na Beija-Flor e palestra de autoajuda na Mangueira? Ensaios e as tradicionais feijoadas continuam com toda a força, mas a programação das quadras de escolas de samba se diversificou. Para aumentar a receita e movimentar a comunidade, as agremiações promovem de baile funk a casamento comunitário, passando por feirinha de artesanato e desfile de moda.
Numa só tacada, o diretor de eventos da Beija-Flor, Nelson Alexandre David, conseguiu renda extra e a bênção de Fábio de Melo, que é colunista de: no dia 14 de novembro, a quadra foi palco de show do padre. “Estou feliz, porque torço pela Beija-Flor. Já cantei na Portela também”, disse Fábio. A renda de eventos — no show foi 50% da bilheteria — ajuda a custear a folha de pagamento dos funcionários.
No quesito arrecadação com eventos, o Salgueiro sai na frente entre as escolas do Grupo Especial. Sucesso de público, seu Pagodão da Alegria leva 6 mil à quadra toda terça-feira. Às sextas, é a vez do baile funk da Furacão 2000. A direção leva 30% do que é faturado com ingressos e bebida: cerca de R$ 25 mil por evento.
A quadra da Estação Primeira também fecha para eventos. Em julho, o pastor americano Max Lucado fez palestra lá sobre seu livro ‘Sem medo de viver’, com mais de 70 milhões de cópias vendidas.
Os shows já são a principal fonte de renda da Vila Isabel. Com 4 mil m² de área coberta, a nova quadra foi erguida em setembro de 2008 para 8 mil pessoas. Já foram mais de 30 shows, como de Lulu Santos e Banda Calypso. A nova temporada terá Seu Jorge, Martinho da Vila e Belo. O pagodeiro é o artista mais ‘rentável’: o show gera R$ 70 mil para a Vila.
A quadra da Porto da Pedra, em São Gonçalo, abriga uma feirinha de artesanato todo domingo das 9h às 19h e, a programação da Unidos da Tijuca é a mais eclética: sedia anualmente, na Leopoldina, o Miss Rio de Janeiro Gay e já foi palco de desfile da grife Daspu. “Muitas empresas nos procuraram para fazer suas festas de fim de ano. Dividimos a bilheteria com o dono do evento”, diz o presidente da escola, Fernando Horta.
O Império também disse ‘sim’ ao roteiro off-samba. No dia 30 de agosto, a quadra foi palco de casamento coletivo de 54 casais do morro da Serrinha e arredores. Vestidos e ternos foram sugeridos pelos organizadores, que baratearam os custos. Bolo, almoço, decoração, show da Banda Bonanza e produção dos noivos foram presentes da escola. Marco Rangel, 34 anos, o MC Risadinha, esperou 13 anos para se casar com a secretária Cristina da Silva: “Foi uma oportunidade, porque um casamento é muito caro”.
Uma opção para a falta de patrocínio
Os eventos salvam o Salgueiro, sem patrocínio externo desde 2004. Como tem escolhido enredos autorais, a escola aposta na força de sua quadra para aumentar a renda. Para 2010, a prefeitura dobrou a verba das 12 escolas do Grupo Especial: R$ 800 mil para cada. A Petrobras ajudará a bancar a festa, dando fôlego ao desfile, já que só duas escolas conseguiram patrocínio: Beija-Flor terá R$ 3 milhões do governo de Brasília para exaltar 50 anos da capital, e Grande Rio não confirma, mas contaria com R$ 4 milhões de uma cervejaria.
Cifras para eventos nas quadras
Mangueira: R$ 10 mil só a quadra. Com show da bateria, sobre para R$ 20 mil
Grande Rio: R$ 15 mil, quadra, e R$ 18 mil com bateria
Imperatriz: R$ 14 mil, com bateria e feijoada para 400 pessoas incluídas
Portela: R$ 5 mil com show da bateria e passistas
Mocidade: R$ 1 mil. Com bateria e passistas, sobe para R$ 3,5 mil
Fonte: O Dia Online
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'Pe Fábio: Jesus na minha vida!'
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